segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Silêncio

O silêncio que me rodeia é profundo…

Ouço o vento que soprar, brincando por entre folhas, fazendo galhos rangerem e murmurarem em línguas estranhas.
Ouço o som abafado dos meus passos que agitam as pedras inertes do caminho.
Ouço o sussurro das águas que, num embalo constante, beijam as margens do rio.
Ouço o chilrear dos pássaros, sempre leves, sempre alegres, voando de galho em galho.
Ouço o esvoaçar das suas asas quando planam nos céus, seguindo as correntes que os ventos desenham.
Às vezes ouço a chuva que molha o mundo; o seu toque leve sobre as folhas, o seu riso sobre as águas, as suas carícias sobre as pedras do caminho.
Ouço passos distantes de outros seres vivos que compartilham comigo este lugar sagrado; seres que o habitam, que aqui se estabeleceram há gerações, tomando este lugar como seu habitat.

E no entanto, mesmo consciente de todos os sons que ecoam neste lugar, o silêncio que me rodeia é profundo…

Recordo um tempo em que, para além destes sons, havia uma voz oculta no murmurar das águas e o vento suspirava segredos há muito esquecidos. Nesse tempo a terra falava com palavras sábias e ao Aprendiz bastava sentar-se sobre uma pedra, sempre feliz por o acolher, silenciar-se e escutar com o Coração as preciosas vozes que o rodeavam.

Agora reina o silêncio…

Um silêncio permeado por uma quietude e paz profundas.

A voz do pensamento humano ergue-se e ecoa sozinha, sem resposta, sem eco, sem coro.
Escuto com clareza a minha própria voz, a sabedoria interna que, secreta, lentamente emerge…
Mas, para além do que me habita, não escuto mais nada.

Aqui, não se encontram mais os Verdadeiros Instrutores Ocultos…

O Sono é Profundo… O Castelo Encantado repousa num silêncio sepulcral, aguardando o regresso do Fogo Ígneo que, como que por Magia, o trará de novo à Vida.

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